fim da primeira manutenção

Hoje encerrei o primeiro ciclo da chamada “manutenção” após o transplante com o vidaza (5 dias), aparentemente está sendo bem suave perto das outras quimios. Tomei apenas um Zofran para não nausear e passou tudo bem. A próxima será daqui uns 28 dias eu acho. Continuarei por um prazo indeterminado com isso. O vírus que me fez internar da última vez continua inativo, mas o remédio para ele prejudica um pouco minha medula então minhas plaquetas deram uma despencada considerável.

Faz uma semana aproximadamente que tive alta, essa última internação decorrente do vírus que ativou foi bem cansativa. Acredito que por ter acumulado 87 dias da internação seguidos e com apenas 2 dias de folga em casa, ter que internar de novo é um balde de água fria no nosso ânimo. Tentei levar olhando só as coisas positivas, mas quando você sai da gaiola não quer mais voltar. Mas quando estamos ali parece que sempre temos algo a aprender, ou pisar no freio para algumas coisas para entender o porque de tudo isso. Tudo o que eu tinha ali eram meus novos amigos internados como eu. Não podíamos fazer nada além de caminhar no corredor. E então as coisas simples da vida tomam uma proporção que não imaginamos que pudessem tomar. Uma pizza entre 4 pacientes e seus acompanhantes no meio da noite em frente ao corredor do elevador numa mesa redonda com direito a truco foi algo tão simples mas que nunca achei que faria tão bem. Às vezes complicamos tanto nossas vidas que um momento assim, simples acaba passando desapercebido ou não damos tanta importância. Tive que ser privado da vida do lado de fora do hospital para entender isso. Todos ali tinham problemas parecidos com o meu e por uma conseguimos esquecer nossa situação de internado. Acredito, por estarmos todos no mesmo barco a receptiviade era mútua. Fomos dormir depois dos acompanhantes e ninguém conseguiu acordar para a fisioterapia do dia seguinte.

Sempre teremos motivos para nos alegrarmos e relaxar, basta olharmos para as coisas simples e descomplicarmos nós mesmos. Aos internados com leucócitos “bons” experimentem um dia de pizza (sem a nutrição saber, é claro)… afinal também somos filhos de Deus e comida de hospital o tempo todo é inviável. Sempre tem um contrabando. Aos “normais” degustem os momentos simples, pois sempre serão únicos. Cada risada vale a pena.

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