D886 recordar é viver

31 de julho de 2017 0 Por Daniel Campbell

Como alguns sabem estou internado, chega a ser cômico e trágico ao mesmo tempo postar um texto que apareceu no facebook de lembrança da minha saída do hospital estando internado novamente. Mas vida que segue… Na época desse post eu ainda não tinha o blog por isso resolvi repostar para alguns novos amigos. Hoje relendo vejo o quanto esse desafio na minha vida trabalhou meu sentimento de compaixão e acredito que não só em mim.

Antes de colocar o texto as notícias atuais: ESTOU INTERNADO MAS ESTOU BEM (internei por falta de ar, mas já estou pronto para jogar bola, pena que as muletas não deixam)! Acabei de sair do CTI. Semana passada fui a SP e o médico tirou todos os remédios do pós TMO. Agora tomo só os remédios para a pele, que está feia mas está melhor.

LEMBRANDO QUE O TEXTO TEM 3 ANOS. Foi na saída do primeiro transplante…

“É amigos… chegou o dia da alta 🙂

chegou a hora do próximo passo!
Após 43 dias internado descobri coisas interessantes:
– quebrei meu recorde de 43 dias sem usar cueca
– realmente foi a pior quimio de efeitos colaterais, mas dei sorte com as dores dela 🙂
– remédios para dormir se tornarão meus amores platônicos
– …
É uma sensação esquisita essa de “liberdade” essa última semana foi complicada em relação a essa expectativa com pensamentos a mil, mas visitas esperadas e inesperadas de amigos e família foram muito bem vindas para ajudar com a ansiedade.

Agora posso pensar em “mim” com uma certa tranquilidade apesar de não saber muito bem por onde começar rs… acho q me abrindo é um começo para que essa luta não tenha sido apenas a minha luta! muitos ainda estão nela.

Sei que cresci muito nessa luta e que muitos cresceram comigo, compartilhamos de algo que no início era meu medo mas com o passar dos dias, meses e com o apoio da família e amigos fomos enriquecendo juntos com essa experiência toda. A opção de compartilhar no início veio da necessidade de doações e depois percebi que o compartilhar essa vivência com vocês era uma maneira de espalhar algo de positivo que não sei bem explicar ainda.

Sei que fiz algumas piadas que me chamavam atenção pq a doença era séria, mas se levássemos a sério demais acho q não chegaria bem aonde estou, alguns dizem que tive sorte de ter passado tão bem por tudo que passei, mas o passar dos dias faz com que a gente absorva a doença da maneira que nos convém (receios sempre tive), mas também tive certeza que seria passageiro e fui positivo mesmo usando a mascara para furar filas de mercado, banco e taxi que com certeza valeram risadas.

Cada gesto, doação e atenção de vocês foi uma benção não só para mim. receber o amor de muitos não tem preço. E por mais que ainda esteja “perdido” com essa sensação de liberdade me sinto feliz, renascido com direito a data nova de niver rs.. Aceito o fato de ainda estar perdido, sem direção e que em algum momento a ficha de tudo vai cair de uma maneira mais clara e a vantagem de estar sem direção é que apareça oq aparecer que será lucro 🙂

Sei que muitos já pararam no segundo paragrafo rs, mas acho que isso tudo que passei serve para mostrar que podemos deixar nossa vida particular de lado para ser útil para alguém nem que por 10 minutos numa conversa chamando mais doadores, ajudando de alguma maneira, podemos ser útil de alguma forma por mais simples que seja, todos podemos proporcionar alegrias sem tamanho na vida de alguém e isso que nos faz ser únicos. Por isso que sempre vou pedir e insistir na causa… alguém foi único na minha vida e quando a gente recebe esse amor solidário e anônimo é que mensuramos a importância do amar ao próximo!”