D758 Por que tanto bolo de cenoura na minha vida?
D758
Caros amigos, alguns me acompanham pelo perfil do facebook (Daniel Campbell, o loirinho com cara de príncipe encantado hehe) e outros pelo instagram (@d20campbell) além do blog. Então a maioria deve saber que estou de alta do hospital. Meu pulmão já está limpo seu barulhos. Retornei para casa com alguns remédios para continuar tratando a sinusite e uma discreta rejeição da medula na pele. Dessa vez não tinha muito o que fazer então tomei doses consideráveis de corticoide (o vilão do meu fêmur), mas quem não tem cão caça com gato mesmo e foi a melhor saída para sossegar a gataria no meu pulmão.
Não vou falar que foi bom internar porque é até pecado. Mas às vezes sinto essa necessidade da mente de acalmar. E no hospital, bem ou mal, quando nosso corpo está em ordem conseguimos focar um pouco nas nossas idéias e montar o quebra-cabeças (de 10.000 peças) da nossa mente. Ao menos as bordas desse quebra-cabeça consegui montar dessa vez. No equilíbrio do “corpo são” e “mente sã” as coisas parecem ter um pouco mais de sentido.
Ficar privado da nossa liberdade é algo que se você não está preparado pode te consumir de uma maneira inexplicável. Sempre tentei ser paciente com minha alta e dessa vez nem reclamei muito para saber qual data que eu iria embora (talvez porque tinha certeza que seria curta).
Em SP sempre escutava que eu era do rio, morava perto do mar que morriam de inveja da gente. Mas será que sabemos mesmo valorizar o que está tão na nossa cara? A vida se torna tão corrida e algumas coisas tão boas da vida ficam ali a nossa disposição o tempo inteiro que sempre achamos que elas estarão ali para sempre. Sei que praia é paixão do carioca, ou deveria ser, mas acho que conto nos dedos quantos amigos meus conseguem ir à praia uma vez na semana. Óbvio que a praia vai estar ali para sempre. Mas para quem me conhece 5% sabe que 95% da minha vida passei com areia na sunga. Quantas prioridades não mudei durante o tratamento. Eram tantas coisas simples que abria mão de fazer pois estariam sempre ali a disposição. Fosse um vídeo-game com meu primo, um jantar com a amiga, uma visita aos meus avós.
Há uns anos atrás eu trabalhava embarcado (95% sal na minha vida). E lá aprendi muito sobre me privar das coisas que eu mais valorizava. Tanto que quando eu descia do navio ficava igual pinto no lixo, mas mesmo assim ainda faltava me dedicar realmente as coisas que me importavam, como estar em família. Quantas vezes não me prometi visitar a minha tia e sempre deixava para o próximo desembarque. E foi uma lição para os dias ruins do tratamento. No início eu até confundia o dia da alta com o do desembarque. Alguns me acham louco por bolo de cenoura, coisa besta né? Mas só eu sei o quanto foi ruim ficar naquela cama com a recém notícia do câncer do dia para a noite. E me apeguei ao bolo… sair e comer meu bolo é saber que estou bem. Uma coisa tão simples mas com um valor que talvez nunca alguém possa entender. É difícil se privar, mas as vezes é necessário para dar sentido as coisas que realmente valem a pena perder um tempo, ou ganhar umas calorias.
Minha lista de prioridades na vida nunca mudou, mas o agito dessa loucura que a gente vive me fez ficar um pouco distante do que realmente vale a pena me dedicar. Por que precisamos perder as coisas para valorizar? Se não sabemos muitas vezes valorizar quando nos é oferecido…
Por que não nos agarramos ao que realmente importa na nossa vida? Se acabasse amanhã? O que você faria ainda hoje? Bolo de cenoura meu CEP segue abaixo… “Sem tempo para dúvidas” só temos uma vida…
Desculpa amigos pelo gosto musical, mas adoro as frases prontas como vocês sabem… “Hoje é dia de rock, baby!” (está legendado para não ter desculpa de escutar, mas rock se escuta alto!!!)
Continuo sem revisores, então peço aquele descontinho no português 🙂