D749 muitos dias de vida

D749 muitos dias de vida

16 de março de 2017 6 Por Daniel Campbell

 

Caros amigos, como alguns devem saber estou internado. Até que não está tão ruim esse ano. Já estamos em março e essa é minha primeira internação, estou no lucro. Já vinha com uma tosse chata e tratando ela há 3 semanas e de sábado para domingo comecei a sentir uma falta de ar surreal. Achei que meus pulmões não fossem dar conta, mas deram. Corremos para o Hospital que tratei a primeira vez o câncer antes do Transplante de medula (TMO), aonde sempre fomos muito bem acolhidos. Já sabia que estava mal e que a internação seria inevitável. Chegou a me deixar emotivo, pois me lembrou o quanto ainda estou passando por um momento frágil e delicado da vida. Ainda não posso colocar as mangas de fora e abraçar o mundo. Mas sempre fui paciente e por 4 anos sendo paciente de verdade aprendi a ter paciência pelo momento certo, apesar dos pesares.

Já estou medicado e sai do CTI na segunda mesmo. Eles ainda não têm certeza exatamente o que é, pelo meu caso ser delicado o cuidado é em dobro. Já estou com uma dúzia de antibióticos e tratando uma sinusite pois a mucosa dos seios da face estão bem carregadas. Já perdi 3 kilos de catarro, pelo menos estou emagrecendo como o ortopedista queria. Em relação ao fêmur está me fazendo bem ficar por aqui, pois fico deitado então eles estão de folga. Só trabalham para me levar no banheiro.

Sempre prometi só escrever quando eu estivesse bem fisicamente e mentalmente. E por incrível que pareça por aqui consigo encontrar pelo menos a paz mental. A física os antibióticos já já dão conta do recado. Possivelmente irei fazer uma broncoscopia para termos certeza do que está ocorrendo.

Não deixei passar em branco a data que a medula começou a funcionar. Algumas centenas de dias atrás estávamos no D15. O dia que a medula pegou no tranco e jogou meus leucócitos na altura. A dor na lombar dela voltar a funcionar é a única dor que senti alegria em ter na vida. Motivos para celebrar, mesmo internado, não faltam. Sempre ouvi dizer que “vaso ruim não quebra” e estou fazendo valer o ditado.

Essas centenas de dias de muitas renuncias desde o início nos fazem refletir sempre sobre tudo que passamos. Principalmente quando vem um choque de realidade desde que nos faz lembrar que para morrer basta apenas estar vivo. Parar aqui dessa vez não foi visto como um problema na vida do tipo “oh, que triste, internei de novo”. Sim, é chato. É muito chato não ter a liberdade e a nossa comida gostosa, apesar que ontem veio um quibe de carne bem bom. Mas encarei como uma solução. Na madrugada de domingo não entrava ar no meu pulmão. E realmente me assustei com a situação e enxerguei a internação como uma solução. Então ficarei aqui pelo tempo necessário para resolver o real problema. Ao menos agora estou em paz e bem assistido. Só assim ficarei liberto do real problema e poderei seguir em frente. Só pensando assim podemos dar a chance de hoje ser um dia prazeroso.

Esses dias conversando por ai nesses cantos do mundo escutei que eu era otimista. Mas sempre me achei realista. Depois de tantas quedas e tantos choques de realidade e mesmo assim a gente continua acreditando que tudo tem solução. Não vejo como otimismo, prefiro olhar como fé. A certeza que vai dar certo. Por isso fica mais fácil ver a luz no fim do túnel independente do tamanho do problema. Afinal “o que não tem remédio, remediado esta”.

Obrigado pela medula nova Pai. Aos trancos e barrancos ela está se saindo muito bem. Já tenho quase mais dias de vida do que o Romário de gols.

 

Desculpem o texto sem muita inspiração, está passando empreguetes. Daí já viu né rs

Parabéns Rodrigo! Parabéns Luis! Parabéns Re! Parabéns Mis! Parabéns Tui! Parabéns Luquinhas Daniel! Parabéns Renatinho! Parabéns a todos que estão nessa luta por dias a mais que não é nada mole! Mas vencemos.