D297- quase lá (+repost pré transplante)

20 de dezembro de 2015 2 Por Daniel Campbell

D297

 

Essa semana conheci a mãe de uma menina que está com o doador compatível já e aguardando a medula entrar em remissão (ficar sem a doença), para fazer o transplante. É tão satisfatório saber e ver as pessoas se mobilizando pelo próximo que as vezes faltam palavras. Lembro exatamente da felicidade que foi quando veio a notícia do primeiro doador. Ainda estava internado.

Muitas coisas mudaram ao longo desse tempo, que 2 anos e meio…

Hoje em dia estou por aqui, me encaminhando para o D300, sei que é um número apenas, mas cada dia que passa tem seu valor. Pareço aquela namorada carente e apaixonada que fica comemorando semana de aniversário as vezes (rs). “hoje fazem 3 semanas, 4 dias, 5 horas, 33 minutos que nos conhecemos”. Engraçado até, mas isso me faz entender o que é ser apaixonado por viver e o quanto foi ruim as privações que me abriram os olhos para falta de “viver”.

Estou bem de saúde, plaquetas baixas (muito baixas) apenas. Mas terça faço um novo hemograma para avaliar a necessidade de receber uma bolsa de plaquetas. Nada preocupante, é apenas efeito colateral da quimioterapida (vidaza). Dentro do esperado. O corticóide diminuiu um pouquinho de nada, espero que minha barriga comece a diminuir proporcionalmente.

Enfim, achei esse post da epóca que eu ainda não tinha o blog. Foram semanas antes do segundo transplante, alguns de vocês já devem ter lido. Mas ao conversar com essa mãe veio aquela lembrança boa da espera do transplante. Da certeza de que tudo estava perto do fim e que a paixão, a vontade e certeza de viver estavam transbordando. Mudei muitos pontos de vista ao longo desse tempo e é tão legal perceber isso.

Fico na torcida por mais esse transplante! Em breve mais uma medula em remissão e mais um doador do banco salvando alguém!

 

 

9 de fevereiro de 2015 (POST ANTIGO) (ESTOU BEM)

 

Os que conhecem um pouco além das relações virtuais sabem um pouco mais da minha personalidade forte. Alguns acham e dizem que sou forte, outros paciente e talvez essas características me ajudem nessa minha luta. Sempre brinquei dizendo que sou uma ilha, talvez por influência do mundo e experiências da vida criei essa fachada que faz parecer que nada abala. O engraçado disso é que formamos meio que um isolamento dos sentimentos talvez pelo medo do que a vida tem a nos oferecer (ou tirar). As vezes o medo ou a dor são tão profundos que conseguimos nos esconder atrás desse isolamento. De vez em quando, rompo esse isolamento e me exponho um pouco, acho que esse tratamento me tirou muito da “vergonha” que eu sentia sobre isso. Tenho perdido muito desse medo, talvez por isso hoje eu esteja um pouco diferente do início da minha primeira internação há 1 ano e meio atrás quase.

Hoje posso afirmar o que me fez mudar no tratamento não foi o fato de ser aquela ilha que eu tanto me orgulhava, mas a confiança que tive e cada vez aumenta mais em percorrer esse caminho de incertezas. Alguns não entendem as vezes as colocações que faço e escuto usualmente um “que horror menino!”, só que não tenho para onde fugir então prefiro deixar isso tudo fluir e encarar da minha forma confiante uma vez que esta é a maior aventura da minha vida. Seguirei sempre confiante mesmo frente as incertezas e o que tiver que acontecer.

Já falei sobre o fato de não ter planos uma vez, mas o fato da vida ser sempre um risco e confiar sem ter medo de arriscar tem sido uma forma bem interessante de encarar os problemas que pareciam maiores.
Sei que falar da Leucemia como uma aventura pode ser até ofensivo para alguns mas foi a melhor maneira que achei para trabalhar essa aceitação. Estou rodeado de cuidado e amor das pessoas que estão experimentando isso comigo. Eu carrego a minha cruz e encarar dessa forma sem medo faz com que ela fique muito mais leve do que parece. Quanto menos ela passar na minha cabeça, menos ela irá pesar e me atingir. Vivo sem levá-la a sério, sem ela na cabeça.

Alguns devem me achar louco com texto gigantes e falando coisas loucas, mas um pouco disso vem de influências de fora. Estou lendo um livro gostoso que marquei uma frase na semana passada “Quando perdemos o medo da vida ela se torna maravilhosa” (Diário de uma outra parte) e desde então não consegui tirar essa idéia que já trazia comigo.

Vamos falar da minha saúde agora… Faltam 5 dias dessa quimio e depois disso irei para a QT do transplante. Estou muito bem obrigado e sem efeitos colaterais mas acho q estou ficando carequinha de novo. O mi foi descartado como meu doador pois ele só tem 2 genes compatíveis comigo (filho do padeiro), brincadeira, somos o oposto geneticamente dos nossos pais, talvez por isso eu seja muito mais bonito, simpático, divertido, alegre e modesto. Ou seja, os genes que eu tenho ele não tem e vice versa. A dúvida agora é… será meu pai ou minha mãe? Conversei hoje com o médico e será um dos 2 com certeza mesmo eu apresentando anti corpos contra eles. Existe um tratamento que “limpa” meus anticorpos para receber a medula deles e possibilitar a “Pega” da medula. Acredito que na terça ou quarta já seja definido isso direitinho!
Para você que chegou aqui meus parabéns. Mais uma mega mensagem lida!

Deixo aqui uma sugestão de música para sentar e escutar de olhos fechados e pensar um pouco na vida.

 

(POST ANTIGO) (ESTOU BEM)

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