D242 dia das frases prontas…
D242
Já não dou notícias há 11 dias, mas continuo por aqui. Saúde em ordem. Terminei mais um ciclo de vidaza na sexta, correu tudo bem. Agora só esperar o efeito dele chegar e as taxas caírem e programar a próxima ida ao rio. Alguns me perguntam até quando terei que tomar o vidaza. O protocolo é de dois anos, esse foi o sexto. Então só faltam 18. Para quem pegou o bonde andando e não entende o por que do vidaza se já estou em remissão é porque ele funciona como uma manutenção da minha medula para garantir que a leucemia não volte. Por isso que mesmo “curado” continuo com essa quimio mensal.
São quase 900 dias do diagnóstico inicial. Alguns me perguntam sempre durante conversas se me incomodo de falar sobre o assunto e contar a história. Nunca vi problema nisso. Durante o tratamento, lá bem no início foi difícil de trabalhar com a novidade de ter câncer. Mas se tem uma coisa que lembro bem é da minha médica do Rio me tranquilizando falando que de leucemia eu não morreria. Foi bem difícil me orientar no meio daquilo tudo. Levava minha vida bela, só no rock’n’roll. A sensação de perda da minha “vida” antiga me deixava bem incomodado, afinal com 28 anos, trabalhando, fazendo tudo o que eu queria e ter que abrir mão de tudo por algo que não estava no meu controle foi complicado. Acho que alguns amigos se lembram da rotina. Estava em um clima “trabalho”. Saia do navio, ia para o escritório, depois consultoria por fora, as vezes um embarque curtinho na folga. Não tinha tempo ruim.
Gosto das frases prontas e “Deus escreve certo por linhas tortas” é uma delas. Aos religiosos, jamais acho que Deus castigaria ou faria isso comigo, até porque sou o filho que toda mãe queria ter (piada interna). Mas a doença veio colocar um freio no meu rock’n’roll. Não só isso. Fez com que eu deixasse meu trabalho de lado e voltasse ou descobrisse essa nova maneira de ser. É bem estranho dizer isso, mas ganhei muito com a leucemia. Ganhei uma proximidade com minha família que estava distante pelo trabalho, novos amigos, novas histórias, novos exemplos.
Indo para a segunda frase pronta. “Aceita que dói menos” também me ajudou. Ao deixar de fazer as coisas e passar a ser “vazio” de preocupações (tirando a doença é claro) tive tempo para essa aceitação. Quando perdi tudo o nada ficou interessante. Não ter nada a perder e saber que estava ganhando coisas boas com a doença me fez enxergar essas linhas tortas, pois tudo que eu tinha ali em cima /\ era tão superficial que graças as linhas tortas passei a perceber o lado bom da coisa.
Não foi uma fuga opcional da minha vida cotidiana, fui retirado dela de uma forma abrupta. Não acho que ninguém deva fugir do dia a dia, mas minha vida de ordinária deu um salto para extraordinária. Estou sim pretendendo voltar a fazer tudo ou quase tudo que eu fazia antes (tem coisas que a idade não permitem mais), mas antes tinha pressa de tudo que acabava me enrolando e sem tempo para enxergar essas coisas. Mas tudo ao seu tempo afinal e aprendi que “tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo algum bem.”(um alguém Beethoven)(última frase pronta! prometo!).
Amanhã tenho consulta com o Hematologista, farei novos exames e aguardar. Vou tentar mandar notícias com mais frequência. Só que tem dias que me enrolo e procrastino por aqui. Preguiça de facebook. Dessa vez estou escrevendo por pressão alheia. 🙂
Doe medula > www.ameo.org.br
Lindo, Dan! Um ditado pra você: O sonho so acabou nessa padaria, ou seja, deus ajuda quem cedo madruga e casa de ferreiro, só tem espeto de pau hahahah
Amo você!!
Muito interessante o assunto. Quando tive uma crise das costas dessas de dor lombar, me falaram do colcho magntico e acabei pesquisando sobre esse. Algum a j me fala o que pensa ento?