D1670 Errar é humano
Errar é humano, acho que todos nós já ouvimos uma centena de vezes essa frase. Persistir no erro é burrice também já ouvimos algumas vezes. Lembro como se fosse ontem a notícia da primeira recaída do câncer.
Junto com a notícia veio meu primeiro texto colocando para fora toda aquela sensação que passava dentro de mim. A perda dos sonhos e a descrença em sonhar, planejar uma vida que poderia ser mudada num estalar de dedos.
Como alguns já sabem estou passando não por uma recaída do câncer. Dessa vez provavelmente é uma mielodisplasia, onde a medula está “cansada” e começa a produzir errado. Isso pode acontecer por “n” motivos.
E foi então que errei de novo, tirei os pés do chão. O câncer já tinha me dado talvez a maior lição de como levar uma vida leve vivendo no presente. Só que já estava fazendo planos novamente, sonhos, programando minha vida para o futuro que estaria por vir.
Essa anemia já vinha me assombrando desde maio quando fui realizar uma sangria por conta da ferritina alta. O enfermeiro me informou sobre a anemia e mesmo assim tiramos mais 400ml de sangue para tentar diminuir a ferritina.
Na primeira recaída uns dos sonhos perdidos era um curso de mamíferos marinhos na Europa e outro era voltar a embarcar. Foi tão dura a notícia da recaída na época que me fez perder as esperanças, tirou meu chão.
No final de maio desse ano já sentia o cheiro da Europa. De finalmente realizar um dos sonhos que envolvia a biologia, além de rever velhos amigos e provar para mim mesmo que o sonho não havia se perdido, apenas sido adiado. Só que a anemia veio para me dar um susto. Internei as pressas antes da viagem para realizar um mielograma e ver se a doença tinha voltado. E a notícia veio com a medula limpa e sem câncer. De brinde ganhei uma bolsa de sangue para viajar mais seguro.
A viagem aconteceu e realmente estava começando a crer que poderia sonhar, que talvez viver somente no presente fosse ser muito radicalismo. Poderia me permitir sonhar.
A viagem passou e só faltava voltar a embarcar. Precisaria fortalecer as pernas para os cursos de sobrevivência em alto mar. Só que para isso a anemia precisava passar. Foi então que comecei a comer tudo que tinha ferro. Mais de dois meses comendo muito bem, de fígado até beterraba.
Semana passada vim para SP para exames de rotina e consulta, algo simples que depois de tanto tempo nos acostumamos. Então veio esse hemograma de rotina pré consulta. No dia seguinte recebi uma mensagem que precisaria internar porque estava com uma anemia grave e plaquetas baixas.
É preciso ser muito evoluído para não se abalar, para não cair com uma puxada de tapete. Ainda não é meu caso. Os exames foram realizados, e veio a notícia da possível mielodisplasia. Se tem algo que aprendi nesse tratamento é que só eu posso me decepcionar. Só eu posso me iludir a ponto de perder o tapete. Estava indo bem com esse propósito de viver no presente. E talvez a Holanda tenha me feito perder o foco.
Logo depois de internar fui andar com minha mãe a noite no corredor aqui do hospital triste ainda com toda a situação. Principalmente sobre os sonhos perdidos. E caminhando fomos olhando as portas. Agora o andar que eu internava na época do transplante virou área pediátrica. Pacientes de 6 meses, 2, 4, 6 anos, todos com algum problema semelhante ao que passei.
E eu triste por que? Vivi 34 anos muito bem vividos. Tive a oportunidade de tantas coisas, talvez não tenha aproveitado da melhor forma possível, mas tive a oportunidade. Coloquei a cabeça no lugar para lembrar de quantas oportunidades tive pós transplante. Como pude esquecer depois de tantas lições a não olhar para o lado bom das coisas?
Foram quase 1700 dias de oportunidades. Vivi o presente tão bem, por que ficaria mal com o futuro incerto? Se o futuro de todos é incerto.
Se estou chateado? óbvio que estou, não sou Buda, Jesus, Dalai lama… Mas se tem uma frase que já prático há um tempo é “aceita que dói menos”. E lá vamos nós para mais uma nova aventura além das leucemias…
Amanhã estarei fazendo mais um exame para tentar entender o que está acontecendo com a minha medula. Estou cercado de pessoas que me amam e será mais uma pedra no caminho para a gente chutar para longe! Sei que não estou sozinho! “No I won’t be afraid, no I won’t be afraid… Just as long as you stand, stand by me”
Tem gente que vai dizer que a música é repetida rs, mas tem um valor simbólico nessa aventura
Falo sempre para vc, Deus é fiel! Nunca abandona o bardo de Seu filho. Te amamos e sempre estaremos com vc. 😍😍😍😍
tb estarei com voces… sempre estarei com voces…
Sozinho nunca garoto. Tua força te moverá além do que se vê. Recebe nossas boas energias e orações. Estamos contigo
Obrigado pela msg!!! amém!!!!
Daniel, estou aqui torcendo por você .
Moro em Barra Mansa Rj ,somos muitos Campbell na região , minha família está de prontidão ligado à vc em oração .Deus o abençoe , o proteja e lhe devolva a saúde e a esperança . Bj no coração
obrigado ana!!! os campbells são abençoados!!!
“Achei” você através de um comentário no Insta da Duda Riedel. No seu insta vi esse link e agora estou viajando pelas suas ideias, pensamentos, ações e reações.
Eu queria e poderia dizer muitas coisas… mas vou me conter em te desejar Vida em todos os momentos dos seus dias.
olá raquel! obrigado pelas palavras! um dia de cada vez, um passo de cada vez! uma vez brinquei com a história da lebre e da tartaruga… e devagar com paciência iremos longe!