D1255 Um por todos e todos por um!

D1255 Um por todos e todos por um!

4 de agosto de 2018 2 Por Daniel Campbell

Bom dia amigos,

ando mais ausente do que presente, como diria Cazuza, “o tempo não para”. Semana passada estava recebi um convite para conhecer o Instituto Oncoguia. Comecei a correr com as coisas pendentes e quinta-feira fui para SP. Durante essa correria não tive a oportunidade de pesquisar muito sobre o Oncoguia (instagram).

Embarquei na cara e na coragem. Pela conversa ao telefone com uma menina do instituto antes da viagem tive uma ideia superficial sobre eles. Sei que estou divorciado da leucemia há 1255 dias, mas a jornada continua, a vida continua.

Confesso que meu propósito nessa vida ainda não está muito bem definido.  Tenho meu propósito sim como biólogo para ajudar a preservar o mundo para as futuras gerações. Sempre adorei a frase que “médicos salvam vidas e biólogos salvam gerações” (obrigado Dr Ricardo que me permitiu ter a chance de salvar gerações).

O tratamento me ensinou a ser um plâncton na vida, ser levado ao sabor da maré. E estou bem feliz com os novos mares que estou descobrindo. Sim, a doença acabou, mas “e agora, josé?” A festa não acabou e a luz não apagou. Aprendi a esperar o tempo certo das coisas. E agora surgiu esse novo objetivo de vida, de tentar passar um pouco desse aprendizado todo do tratamento através desse novo olhar para a vida. A meta de ajudar já está bem definida e o que aprendi com as meninas do Oncoguia é que “quando atingirmos a meta iremos dobrar a meta”, pois viver é aprender.

Cada dia novo desses muitos Ds aprendo muito mais com vocês do que comigo mesmo. Cada um de vocês tem uma bagagem absurda e única que vale muito ser conhecida e aprendida. Vamos passear um pouco no túnel do tempo, lá para 2013, ano da primeira leucemia. Lembro exatamente do meu perfil de que homem não chora reprimindo sentimentos por conta daquele orgulho de cabra macho, acho que escondia na verdade os sentimentos de mim mesmo.

Como podia estar acontecendo comigo? Logo eu, um “bon vivant”. Era tanta informação que não sabia como me comportar com aquela puxada de tapete da leucemia. Mas a cada pessoa nova, a cada vitória nova, a cada por do sol rola uma lágrima (algumas talvez) e com o tempo elas foram derretendo um coração gelado e orgulhos. Aprendi a olhar com novos olhos os meus sentimentos quando me permiti a não estar cercado apenas pelos meus sentimentos. E ter tantos ao meu lado descongelou esse gelo todo e aprendi a flui com a maré.

Hoje, completamente diferente do Daniel de 2013, continuo sendo um “bon vivant”. Caminhei aos poucos e fui saindo da escuridão sendo guiado pelos velhos e novos companheiros. Aprendi a adorar a caminhar pelo desconhecido ao sabor da maré. Já dizia zeca “deixa a vida me levar, leva eu”. Talvez ainda seja muito tímido para certas coisas, mas de uma coisa tenho certeza, sou mais confiante do que nunca que a vida é bela e que as menores coisas podem ser as maiores maravilhas.

Conhecer esse novo grupo de pessoas me deu a certeza que deixar a vida me levar está dando certo, que estou realizando meu propósito de vida mesmo sem ter definido ele. Busquei muito me conhecer nesses 5 anos. E estou, mesmo que passivamente, minhas conquistas durante essa curta jornada. Mesmo sem saber a meta nunca tive medo de não a atingir, aprendi a viver sem um mapa e aí está a graça da coisa.

A confiança de que a vida é bela nos faz olhar com outros olhos para enxergar beleza até nos riscos. Viver na incerteza nos fez valorizar cada pequena conquista… Deixar a maré me levar foi o caminho que encontrei para crescer. Conhecer essas meninas e ver a confiança, amor e compaixão delas me trouxe a certeza de que a felicidade em ver o bem do próximo não tem preço.

Um certo dia li que “quem não transborda vaza”. Sempre bati na tecla que minha felicidade só depende de mim. Mas com vocês aprendi que realmente “não precisamos de ninguém para nos sentir completos, mas é tão lindo quando encontramos alguém que nos faz transbordar”.

Obrigado meninas por me fazerem transbordar, vazei pelos olhos…

“O amor nunca nos deixaria sozinhos. Da escuridão deverá surgir a luz… Nós temos uma vida para viver” Somente uma!!!!

Ah, a saúde vai bem! tão estranho voltar a reclamar de rinite (sem revisão hehe! desculpem! a emoção de dividir essa alegria foi maior)