D1044 felizMente
FELIZMENTE advérbio de modo feliz, ditoso: “aquela celebração transcorreu f. e muito durou” / para a felicidade, contentamento (de alguém): “f. todos terão saúde e paz”.
Primeiro post do novo ano e sem muitas novidades sobre a saúde. Fêmur continua com fisgadas como sempre e a pele no ciclo de melhoras e pioras de sempre. Esse final de ano foi bem interessante pois me esforcei para encontrar com pessoas que considero queridas demais. Família de sangue, famílias de escolha, amigos, amigos de sangue e agregados que acabam entrando para a família. Ia comentar sobre cunhado em homenagem ao namorado da minha prima, mas como tenho uma cunhada querida o tiro iria sair pela culatra.
Esse ano que passou apesar dos pesares sobre a falta de compatibilidade do transplante foi um ano abençoado. Acho que foi o primeiro ano que o medo do câncer ficou 99,72% fora da minha cabeça. Ficou tão fora dos meus pensamentos que passei a me dedicar a mil coisas e acabei deixando de dedicar momentos para meus pensamentos.
Fiz uma retrospectiva mentalmente e os momentos que mais postei no blog geralmente estavam associados com as internações. Sei bem o motivo, pois quando internava eu parava o mundo lá de fora e voltava a dedicar meu tempo aos meus pensamentos.
Vivi um ano generoso de novidades entre novos e velhos amigos. Acho que retornei a correria da vida dos mortais. E por mais que essa euforia seja maravilhosa senti falta da calma dos meus pensamentos da época em que meu único problema era o câncer. Que fique claro que em momento algum senti falta do câncer. Mas certo dia escutei de uma pessoa que uma pessoa faminta só tem um problema, sentir fome. E ao dar acabamos com o real problema dessa pessoa e surgem vários outros problemas. (Falando é mais fácil de contar do que escrevendo).
Me senti bem como nosso amigo faminto nesse ano que passou. Durante todo meu tratamento eu só tinha o câncer como problema e nesse ano com toda aquela euforia e falta de dedicação aos meus pensamentos os pequenos problemas da vida cotidiana vão rolando ladeira abaixo e vira uma bola de neve quando chega lá embaixo.
Nesse final de ano voltei a me dedicar um pouco mais aos meus momentos solitários e percebi o quanto eles fazem falta para entender que o problema todo é apenas a minha ausência com meus pensamentos. Alguns podem chamar de meditar, rezar, conversar no espelho ou terapia com o psicólogo (chame como preferir). Mas minha autorreflexão de fim de ano me fez lembrar que o problema nunca vem de fora, mas de dentro. Quando estamos em paz nem a unha encravada ou a espinha no nariz na véspera do casamento é um problema.
Aproveitei para traçar uma meta de ano novo, vida nova. Por mais momentos conscientes, para que enxerguemos aonde estamos desviando do caminho da nossa paz. Onde as distrações e euforias da vida não nos tirem do caminho da nossa real felicidade.
Fica uma sugestão de início de ano para uma autorreflexão de cada um para enxergar a vida de todos os pontos de vista. Acho que após algumas tentativas conseguiremos entender que aqueles problemas nem eram tão grandes assim e desperdiçamos nosso tempo e paz em vão.
É difícil de perceber que esses pequenos problemas nos fazem desperdiçar a chance de sermos felizes de verdade. Afinal, “o ano não será novo se continuarmos sendo os mesmos”.
Alguns talvez não entendam bem o que essa música representa e representou para mim. Era uma das favoritas da playlist do tratamento. Até hoje da aquele arrepio que rolam gotas e salgadas que lavam a alma. (para quem gosta de rock no último volume, por favor!) (para quem não gosta volume de música ambiente, vale a reflexão).
Não canso de dizer “vc é o melhor exemplo “
Família por escolha define “meu irmão “
E mesmo não curtido muito rock,essa é uma das preferidas.
Amo vc ❤️