D 1096 ou 3×365? (teve ano bissesto?)

D 1096 ou 3×365? (teve ano bissesto?)

27 de fevereiro de 2018 0 Por Daniel Campbell

“E a minha história resumida é mais ou menos assim…” resumida em aproximadamente 70 posts que muito de vocês acompanharam. Hoje irei compartilhar com vocês mais um dia de extrema importância. Completo no dia de hoje exatos 3 anos sem a leucemia. Dia de comemorar! Mas vou deitar aqui no divã antes de celebrar…

Durante o tempo do tratamento, ou pelo menos 99% dele sempre vi a luz no fim do túnel. Mesmo sabendo o quão delicados eram o tratamento e a doença. Passar por momentos difíceis tantas vezes, por tantos tropeços faz com que o medo seja mais uma das coisas que aprendemos a superar. Passamos a encarar a vida sob um outro ponto de vista. Olhar para o mundo de uma forma diferente. Novas prioridades surgem e a gente passa enfrentar o tratamento com mais confiança. Passamos a acreditar que o impossível é possível.

Pensar dessa forma me deixou mais consciente sobre a vida. Consciente de que um dia ela irá acabar. Quando descobri a leucemia estava na flor da idade, desfrutando o melhor das minhas 28 primaveras. Na adolescência sempre pensamos ser imortal, a gente apronta como se não houvesse amanhã, coisas que vou omitir para manter o ar de bom moço. Sei que com 28 anos não somos considerados mais adolescente, mas talvez jovens adultos. Só que eu ainda tinha o espírito do “curtindo a vida adoidado” dentro de mim.

E a doença veio como um choque de realidade. Trabalhar essa consciência de que a morte pode bater a nossa porta a qualquer hora e criar confiança não veio da noite para o dia, mas veio… E assim passei a entender que “temos todo o tempo do mundo”. E como é dia de música, também aprendemos “que o pra sempre, sempre acaba”. Entendemos que a vida não é para sempre. Pode parecer triste, mas quando nos tornamos conscientes dessa nova realidade, passamos a entender que o tratamento também vai acabar, que os 5 anos de remissão chegarão. Afinal, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe…”.

Um dia eu pude sair de casa por causa da imunidade, que alegria foi… poder andar em volta do prédio. Outro dia comi camarão, até foto para o hematologista mandei. Em outro voei e logo em seguida voltei para o mar, com autorização do ortopedista. E celebramos praticamente todos juntos por aqui.

Passamos a comemorar cada vitória como se fosse única. Passamos a olhar a vida de forma única pois passamos a celebrar literalmente qualquer coisa. Qualquer coisa é motivo de vitória. E passamos a dar um valor absurdo para todos os pequenos desafios que voltamos e superar. Passamos a ser mais gratos por pequenas conquistas que talvez antes a gente nem considerasse  conquistas, como colocar os pés na água do mar. Olhar a vida com esses novos olhos me fez parar de juntar problemas na vida. Hoje estamos colecionando conquistas, celebrando mais uma!

“Seja uma luz para você mesmo”.

A escolha da música é meio óbvia, né? Me ajudou nessa consciência de que “temos todo o tempo do mundo”. Escute bem alto e cante para ter graça rs