1 ano já se foi!
Amigos, mais uma comemoração. Estranho se comemorar isso, mas por que não?
Estou com um grave problema de comemorar as coisas nas datas certas, pelo menos escrever as coisas nas datas das comemorações, o casamento do mi com a Marcella e meu D100 só escrevi no D102. E hoje, não sei se é bom ou ruim ainda, não consegui definir (hehe), faz 1 ano que viemos para SP de vez para o tratamento. Minto, ontem… perdi a data de novo, mas foi por um bom motivo, fiz uma visita relâmpago ao Rio. Nada melhor do que comemorar um ano de SP no RIO J… ah a maresia… mesmo nublado…
Foi um ano muito intenso de muitas mudanças, não apenas de cidades. Mudança de hábitos, rotina. Uma saudade absurda de tudo e quase todos. Cheguei no dia 15/14 e internei logo no dia 16. Foram 43 dias internados. Recebi a quimio do TMO (espero que todos já saibam oq é TMO porque falo toda hora), e ficamos naquela expectativa da medula pegar e o Brasil ser campeão. Sim, assisti todos os jogos da copa, teve esse lado positivo, mas não fiz a vergonha de perder de 7×1, meu placar contra a leucemia fechou em 3×0. Vivíamos na expectativa da pega da medula, apostamos o dia e eu que não ganhava nada até então (nem bingo de igreja), já tinha ganhado duas leucemias e ainda acertei o dia da pega (pega da medula = quando a medula começa a produzir e ultrapassa um mínimo de leucócitos por 2 dias seguidos). Foi no dia 9/7/14, exatamente no mesmo dia em que fui diagnosticado com leucemia no ano anterior. Impossível não pensar que aquilo era um sinal…
Durante a alta foi tudo quase maravilhoso, acostumei com a rotina de ir para o ambulatório todos os dias tomar soro por causa dos meus rins (creatinina não baixava por nada por causa dos imunossupressores). Imunossupressores para quem não lembra é o remédio que deixava a medula do doador já dentro de mim “calminha” para não rejeitar meu corpo que eles dão o nome de doença de enxerto contra hospedeiro (GVHD). Mas a medicação foi diminuindo e comecei a “viver”, viajar para o Rio, reencontrar amigos e família. Tudo estava belo, alta prevista para meio de janeiro. E em dezembro veio a recaída. Foi um impacto forte, sempre é né. A sensação igual a da notícia anterior, de que tudo estaria por vir de novo, aquele pesadelo todo. Só que com o tempo acho que vamos ficando calejado e a força para lutar chega mais rápido. E como a maioria que acompanha já sabe, fiz o TMO com meu pai de doador e aqui estou, mais um dia…
Desculpem paulistas em falar que aqui não é legal e que amo o rio. Só que vocês entendem que meu motivo por estar aqui é um não muito conveniente. Como sempre disse quando me perguntam se gosto de SP, a cidade é ótima mas não estou aqui para me divertir, não sou turista nem muito menos estou a trabalho ficando rico… A cidade é bela, tem milhões de coisas para se fazer, mas não posso nem um oitavo delas. Me desculpem também paulistas do meu coração, biscoito NUNCA SERÁ bolacha! Posso passar 500 anos aqui que na embalagem continuará escrito biscoito (bixxxcoito, se preferirem). E sim, coloco ketchup na pizza!
Aprendei muito morando aqui. Ficar mais quieto, curtir o silêncio, conhecer novas pessoas. A equipe maravilhosa do hospital, meu novo médico, meus novos amigos. Aprendi coisas que no rio eu não percebia, tive contato com outros pacientes que me ensinaram muito. Foram tantos prós da mudança que realmente é um motivo para comemorar, só faltou o bolo.
Agradeço a todos que fizeram parte do meu crescimento na doença e espero não comemorar outro ano aqui. Talvez como trabalhador ou turista quem sabe, mas de paciente não terei mais paciência… Começar a colocar as asas para fora e se sentir curado mesmo com esses “vai e vem” da medula é ótimo.
E o recado de sempre para os fortes que chegam ao final do post… Já doou sangue esse trimestre? Não esqueçam que estamos precisando, amanhã mesmo eu já devo tomar uma bolsinha.
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